quarta-feira, agosto 09, 2006

A friend in need is a friend indeed...

Aqui ha uns meses pedi (insistentemente) a uma amiga que contribuisse com um texto sobre a amizade para publicar aqui no SAGA. Andava em baixo, pensava no assunto em demasia e sabia que essa amiga, por ter o sangue na guelra e por ser evasiva com as palavras, criaria algo de interessante e profundo. Queria fazer alguns comentarios e ajustes, dai nao ter publicado antes mas aqui vai, Raquel's way, com as devidas intertextualidades...

My way

Do we really ever have friends as good as the ones when we were twelve?
Do we ever think and talk about friendship as much as when we are twenty?

À hora dos mágicos cansaços, penso nesse Outro, realidade distinta que apenas se pode adivinhar, com fronteiras profundas para além das quais há muito mais que do que o que vejo e ouço (as pessoas são como os icebergs…). Pergunto-me se sentes e se sabes que o mais possível a fazer é tentar atravessar as fronteiras próprias do ser humano, buscar a lenta aproximação das almas que despertam qualquer coisa, um desejo de navegar, de ser envolvido e seguramente, pedir baixinho que não haja muitos enganos… (Apprivoiser, como diz a raposa ao Principezinho… …). É assim a aurora de uma amizade. O início do caminho improvisado, inesperado, subtil, especial… leal.
E quando começa tudo muda. Pergunto-me se te lembras como tudo muda. Como tudo vai mudando. Até a cor dos olhos. As palavras preferidas. O nome. O namorado. A namorada. Em momentos bons. Em momentos maus. As influências. O tom de voz.
Pelo caminho, a alma, vulnerável, é cada vez mais visível em todas as janelas do corpo. Os gestos são todos transparentes e as fronteiras, as linhas, os limites, em avanços e recuos, vão estando mais longe do olhar, da mente, das palavras e o outro que já não é um outro, mas o outro, está perto, está próximo, está presente. Sempre. Se o dia correu mal, se as férias estão à porta, se o carro avaria na China ou no Porto, se está a chover, se a manhã é mais prateada que o normal, se tocaram à campainha com as flores prometidas, se os sonhos se realizam ou se alguém não vem à hora que devia vir, se chorámos de rir ou se só apetece rir e se dói a barriga, a alma ou o coração e antes de sair e depois de entrar… e quando nada ou quando tudo acontece. Sempre. Sem desculpas. Mesmo quando não é evidente. Mesmo quando só passou um minuto. Mesmo quando a porta não se abre ao primeiro toque (avanços e recuos a vida toda), mesmo quando a distância física faz com que os minutos sejam mais contados e mais tecnológicos (são todos contados e lembrados e repetidos na memória).

E se não é sempre assim (errar é humano e os malentendidos estão em cada esquina) então há sempre a possibilidade dos mágicos abraços reconciliadores ao som das mais belas melodias perante os vivas da plateia. Mas o processo pode ser moroso e doloroso e nem sempre o sucesso é garantido (na memória, bruscas discussões, becos sem saída, pessoas ausentes que me perderam, que perdi…).

Tudo isto é vida e encanto. (Ou tudo isto são palavras, é certo).
E tudo isto é Sancho Pança e D. Quixote juntos pela Andaluzia. Ou Astérix e Obélix. Ou Jacques e o seu amo à procura do destino. Ou Mr. Bones e Willy Christmas às voltas com a morte.
E único. Porque cada caminho amigo precisa ser cuidado, construído, reconstruído, caminhado vezes sem conta, percorrido de alma cada vez mais nua pela vida fora (stand by me). E cada amigo precisa estar à distância de uma palavra, de um gesto com outra palavra e outro gesto. E amigos assim, não pode, necessariamente, haver muitos, mesmo para quem tem um coração grande… porque não há tempo, porque não há memória, porque não há agenda, porque não há amor, porque não há história… porque a geografia das almas o não permite.
Tu sabes.


POR FAVOR, comentarios/reaccoes precisam-se!!
A melhor/pior definicao de amizade, pela mesma pessoa: 'E facil,Nomanisanisland, amigo e tudo aquilo que tu nao es...'

'Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem'

2 Comments:

Blogger Ana said...

Podia dizer-te meia dúzia de frases feitas, de chavões acerca do que amizade significa...mas, isso qualquer um pode fazer. Amizade não tem uma definição boa nem má...tem apenas definições próprias, individuais, únicas! Para mim é olhar-te, Amigo, e saber que estás comigo seja aqui ou do outro lado do mundo!

5:18 da tarde GMT+1  
Blogger Filipe said...

Comentário em duas partes e um apëndice:
Parte 1- O texto dessa tal Raquel. Gostei. Gostei mesmo muito, não pelo que diz, mas como o diz, da transparência e da luminosidade do texto, do ritmo e do tom das palavras. Gostei.
Parte 2- sobre a amizade. Caro amigo, amizade é intuição, instinto e lealdade. Esta última palavra está no texto da Raquel. Lealdade sem tirar nem pôr, sem hesitações. Essa para ti, sempre a tive.
Apêndice- Sei que sou um conas que desaparece de vez em quando.
De facto, eu com dúvidas em enterrar o meu blog, mas quando olho para este... meu Deus, que crueldade... :)

1:25 da manhã GMT+1  

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