domingo, março 29, 2009

falar sozinho

Falei com o homem que não é uma ilha há coisa de 5 minutos atrás a queixar-me da sua prolongada ausência. Respondeu-me que agora até tem tempo mas que ganhou uns carunchos nos dedos e não consegue teclar. A coisa tem que ver com fungos e pus entre as unhas e cartilagens. Passa apenas esfregando estrume de avetruz, tratamento que ele já iniciou. O rapaz tem azar.
Mas não há problema que eu não me importo de falar sozinho. Aliás, um dos momentos mais românticos que tive na minha vida foi com uma loira de um metro e noventa de grandes seios, tinha eu 14 anos, e ao falar para ela em português snti-me muito sozinho apesar dos poemas de amor que lhe declamava.

lipemarujo

terça-feira, março 24, 2009

a causa

Sou o primeiro a cascar no no man. Tenho esse estatuto por decreto divino. Foi algo que congregações celestes decidiram (e bem) colocar ao meu dispôr. Digamos que é um direito que me assiste e ainda bem para o planeta que assim é.

A causa que é o homem que não é ilha é uma causa nobre que nunca em circunstância alguma merece esquecimento ou ignorância. A causa é, repito, nobre, é razão de luta e revolução, é um dever que temos. Os que escolhem abandonar a causa estão errados. Corrijam-se.
Juntem-se a mim, deixem-se guiar pelas minhas acertadas atitudes e decisões.
Casquemos no moço, casquemos irmãos, ele merece. Isso, e muito mais.

E acrescento, em mim, ele poderá sempre contar, do rim que lhe prometi aos cadulços que lhe devo, passando pelo amor platónico que lhe tenho (não é físico porque ele não faz o meu tipo de homem, prefiro o Jude Law).
lipemarujo

segunda-feira, março 23, 2009

a falta de tempo

A vida é uma complicação. Provam-no as religiões, as ciências, a literatura, a poesia, o dia-a-dia, os cordões desapertados quando se tem um copo de água e um jornal nas mãos, o Benfica a jogar à bola, a cara do Cristiano Ronaldo, as mulheres bonitas, as mulheres feias, os homens em geral e todos em particular, as pataniscas de bacalhau, a falta de cotonetes após o banho, as emboscadas das diarreias, os calipos, os legos e sobretudo as doenças.
A doença maior do no man é a falta de tempo. Doença que ele transforma em inimigo e combate como pode. O no man, se fosse um herói grego (ele herói não é mas grego é de vez em quando), andava à porrada com Chronos (não confundir com Cronos o Titã). Aos amigos do rapaz que não dormem só de pensar no que lhe hão-de oferecer em aniversários e Natais eu aconselho que lhe ofereçam tempo. Vende-se barato aos sábados de manhã na Feira da Senhora da Hora.

lipemarujo

domingo, março 22, 2009

Do Lenny

Dois arranjos da mesma música:

lipemarujo

Da minha

Trago-vos música. Música que tenho ouvido. Os Counting CRows ouço-os sempre, fazem parte daquelas bandas que jamais me abandonarão. Os Hulk, são uma banda belga que tratam muito bem as guitarras, o baixo e a bateria. É puro bombar. Siga a rusga.

lipemarujo

sexta-feira, março 20, 2009

episódio

Ia eu ontem no autocarro depois do trabalho, quando ouvi duas raparigas extremamente sensuais e bonitas a conversarem.
Diziam:

- Ontem estava em casa a surfar na net, toda nua claro, e descobri um blogue engraçado.
- Qual?
- O SAGA.
- Que nome giro. Eu também costumo estar a surfar na net toda nua, mas ainda não vi esse blogue.
-Tens de ver, é mesmo sexy. Aquilo, pelos vistos, tem dois bloggers. Um não escreve muito mas o outro deve ser mesmo um tipo porreiro.
- Se tu o dizes é porque deve ser mesmo.

Isto, obviamente, não aconteceu. Foi ao ir para o trabalho e não depois.

lipemarujo

quinta-feira, março 19, 2009

ah, Paris

O no man deve estar triste com a eliminação do Braga hoje. Vi a primeira parte e o Braga merecia melhor. Mas o futebol é como as mulheres...

lipemarujo

o poeta

Uma parte de mim tem a mania que é poeta. Revela-se num blogue que tenho para o efeito. Mas dentro dessa parte de mim que se julga poeta, há uma outra que se julga poeta brincalhão. E esse escreveu umas coisinhas a que deu o nome de "devaneio mor". Ei-los:

Era noite. Vomitei por baixo. Fim.
De vez em quando cinco para um e uma toalhita.

De que cor eram os cavalos mancos de Napoleão?

O sorriso que tens escondido crava-se-te no rosto quando adormeces, como se o sono tivesse piada.

Sexo por extenso? Um sessenta e nove se faz favor.

lipemarujo

quarta-feira, março 18, 2009

pirata

O cavalheiro que não sendo ilha não se sabe bem o que seja, não dá sinais de vida. Nada contra. Foi precisamente por escassearem os testemunhos do dito cujo que ele me abriu as portas do Saga. Vou cumprindo como posso, no meu jeito atabalhoadamente engraçadinho, alienando alguns leitores que logo resmungaram com o que injustamente apelidaram de invasão, entretendo outros que aqui vão aparecendo, e, suponho, pertubando outros ainda que me lêem e começam a olhar para as suas vidas com um pouco mais de alívio pois descobrem que algures um marujo relata episódios estranhos. Não sei se isto faz algum sentido.
O que eu quero dizer é o seguinte: não castiguem o homem que não é uma ilha tudo junto em inglês, pela minha verve. A minha verve a mim pertence e sou eu o único responsável por ela. Eu e umas quantas cervejas é certo. Se há alguém a merecer castigo sou eu e não o fundador do Saga. E para me castigar é preciso pouco, basta para isso comprarem um chicote e combinarem hora e local.
No fundo, no fundo, eu ando para aqui a ocupar espaço na internet, espaço que fará falta a alguém com certeza. Mas eu sou assim, uma pedra num sapato. De marca. O sapato não a pedra. Pirateada. O sapato de novo e não a pedra. Afinal de contas, um pirata, quer queira quer não, é, antes de mais, um marujo.

lipemarujo

segunda-feira, março 16, 2009

as raparigas

Há tempos idos, não muito idos mas idos mesmo assim, eu e o homem que não pode ser um arquipélago já que nem ilha é, perdemos um pouco o contacto. Culpa minha que andei desfasado da realidade e não estive tão presente como amigo como deveria ter estado. Julgo qe foi nos primeiros tempos de Irlanda do moço que não é ilhota. Ele, que passou uns tempos um pouco em baixo, bem tentava contactar mas eu pouco respondia.
Foi aquilo a que se chama de "fase". Tive uma coisa dessas portanto, uma "fase". Nada em relação ao no man, aliás, foi um período em que me afastei de muita gente, nem de propósito nem sem querer, apenas aconteceu, a tal coisa da "fase".
Depois, tentando recuperar o tempo perdido e compensar o afastamento, escrevi ao no man uma longa carta em que lhe contava o que tinha feito no período em que lhe faltei. O texto começava com algo do género: "haverá com certeza um ditado asiático que explicará isto tudo, só não sei qual". O relato desse período incidia sobretudo em desaventuras com seres humanos do sexo feminino. Sim, seres humanos.

lipemarujão

quarta-feira, março 11, 2009

O palavrão

Se um artigo como o anterior não tem, passados dias, nenhum comentário é porque o Mundo não tem de facto salvação. Estou mais do que chocado, estou afrontado. Isso, afrontado. Nem um comentário? Nem o gajo que não é ilha?
Meus amigos, por favor! Isto é inadmissível. Há ali um poema do Baudelaire caralho!

ps- o palavrão justifica-se pela retórica a que o texto obriga. É para ser lido com ênfase mas entendido com bonomia.

lipemarujinhol

domingo, março 08, 2009

Au Lecteur

Num aniversário da minha pessoa já longínquo, o homem que não é ou não quer ser uma ilha ofereceu-me uma edição bilingue de Les Fleurs du Mal de Charles Baudelaire. Um livro e pêras que vou revisitando de vez em quando.

Hoje, trago ao Saga um momento único. Eu, de pijama e chapéu, a ler a versão portuguesa do poema Au Lecteur com Lenny Kravitz em som ambiente e umas fotografias no fim.


Au Lecteur

La sottise, l'erreur, le péché, la lésine,
Occupent nos esprits et travaillent nos corps,
Et nous alimentons nos aimables remords,
Comme les mendiants nourissent leur vermine.

Nos péchés sont têtus, nos repentirs sont lâches;
Nous nous faisons payer grassement nos aveux,
Et nous rentrons gaiement dans le chemin bourbeux,
Croyant par de vils pleurs laver toutes nos taches.

Sur l'oreiller du mal, c'est Satan Trismégiste
Qui berce longuement notre esprit enchanté,
Et le riche métal de notre volonté
Est tout vaporisé par ce savant chimiste.

C'est le Diable qui tient les fils qui nous remuent!
Aux objets répugnants nous trouvons des appas;
Chaque jour vers l'Enfer nous descendons d'un pas,
Sans horreur, à travers des ténèbres qui puent.

Ainsu qu'un débauché pauvre qui baise et mange
Le sein martyrisé d'une antique catin,
Nous volons au passage un plaisir clandestin
Que nous pressons bien fort comme une vieille orange.

Serré, fourmillant, comme un million d'helminthes,
Dans nos cerveaux ribote un peuple de Démons,
Et, quand nous respirons, la Mort dans nos poumons
Descend, fleuve invisible, avec de sourdes plaintes.

Si le viol, le poison, le poignard, l'incendie,
N'ont pas encor brodé de leurs plaisants dessins
Le canevas banal de nos piteux destins,
C'est que notre âme, hélas! n'est pas assez hardie.

Mais parmi les chacals, les panthères, les lices,
Les singes, les scorpions, les vautours, les serpents,
Les monstres glapissants, hurlants, grognants, rampants,
Dans la ménagerie infâme de nos vices,

Il en est un plus laid, plus méchant, plus immonde!
Quoiqu'il ne pousse ni grands gestes ni grands cris,
Il ferait volontiers de la terre un débris
Et dans un bâillement avalerait le monde;

C'est l'Ennui! - l'oeil chargé d'un pleur involontaire,
Il rêve d'échafauds en fumant son houka.
Tu le connais, lecteur, ce monstre délicat,
- Hypocrite lecteur, - mon semblable, - mon frère!


terça-feira, março 03, 2009

O impossível

Numas férias de Verão longínquas, desenrolava-se o ano da graça de 2001, lá para as terras dos Algarves o impossível aconteceu.
O marujo e o no man, recém chegados à pátria após a experiência Erasmus, passam férias em conjunto mais um grupo alargado de gentes, bonitas e esbeltas todas elas, daquelas a que chamamos amigos.
O marujo, de peito feito desafiou o homem que não é ilha para uma corrida na praia. Um sprint, coisa de 50 metros. O marujo seguro de si diz ser impossível perder. O no man, surpreendido pela afronta, sendo que é ele que normalmente desafia para braços de ferro e que provoca com calduços no cachaço (habilitando-se um dia a levar no trombil) aceitou desconfiado mas salivando por dentro com a possibilidade de humilhar o marujo, esse personagem superior da história que tem simplesmente a mania. Aliás, nisso de ter a mania, os dois bloggers aqui do sítio são imbatíveis.
As gentes bonitas e esbeltas prepararam-se para assistir à corrida, com um a dar a partida, outro a confirmar na meta e o resto a puxar ora pelo no man ora pelo marujo. Após uma falsa partida a tensão estava ao rubro.
O marujo sentia-se invencível, sendo mais leve, mais pequeno e fazendo fé na velocidade que o futebol amador lhe deu desde muito novo para fugir aos caceteiros. O no man, mais alto e pesado contava no entanto com a passada mais larga, uma força muscular mais proeminente e sobretudo o hábito de andar de patins (que não tem nada a ver co, correr na praia mas lá ajuda a imaginação).
A partida foi dada e os dois lá dispararam. O marujo arrancou mal, o no man arrancou bem, o resto fica nos anais: vitória clara e sem dúvidas do no man, o marujo humilhado cortou a meta e foi directo ao mar tentar suicídio. Não conseguiu.

lipemarujo

segunda-feira, março 02, 2009

A queda de um mito

Recordo agora uma passagem de ano na cidade dos Acerbispos. O cavalheiro que diz não ser uma ilha, facto ainda por comprovar por geógrafos, psiquiatras e homens que se sentem atraídos por seres do mesmo sexo, pregava orgulhoso há anos que nunca chamara o gregório devido à bebida.
Eu, bebedor convicto, nunca duvidara do homem, é que tinha claro para mim que o no man nunca tinha chegado bebida bastante para pôr à prova o estômago e o chamamento do boeiro.
Quiseram os deuses que nessa última noite do ano, e logo na sua cidade natal, o homem que não é uma ilha virasse o barco. Facto registado por mim em fotografia que guardo preciosamente (mas que coloco à venda por favores a especificar aquando do contacto). Foi a queda de um mito apesar da famosa frase "foi algo que comi".

lipemarujo

A minha foto
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Localização: Ireland

"O mito é o nada que é tudo/ O mesmo sol que abre os céus/ É um mito brilhante e mudo..." Pessoa. Assim sou eu...

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