As últimas 24 horas foram tudo menos prolíferas em eventos felizes. Se os leitores querem mesmo saber mais de mim e menos de políticas e futebol, aqui vai, hoje estou com “ganas” de “let off steam”!
Ontem à noite consegui arrastar-me até à aula de “circuit training”, depois de um dia de trabalho que acabou às 7 da noite. Dei no duro até às 8, depois de três semanas de ausência, por razões mais e menos estúpidas. No regresso a casa compro o semanário local e leio sobre a rede de droga lituana desmantelada aqui na vila vizinha, assim como sobre o acidente rodoviário desta semana que matou dois gajos da minha idade e me impediu de voltar a casa do trabalho pela estrada normal. Leio que nesses 17 ou 18 km (11milhas, é fazer as contas) de estrada que faço todos os dias para ir trabalhar morreram quatro pessoas em quatro dias.
Depois das leituras, e ainda antes do banho tomado, falo ao telefone com os meus pais, e fico “pra cima de meia hora” a discutir “current affairs” com o meu pai, além de que sou informado do falecimento de um familiar (afastado).
O computador voltou a desligar-se numa altura em que tinha sites importantes abertos (aceitam-se doações de motherboard para portátil ou um novo também resolvia o problema).
Descubro que já passou o prazo para me candidatar a um prémio para novas empresas (se bem que a minha é tão nova que ainda não fez dinheiro). Vou para a cama a pensar em relatórios que tenho que fazer brevemente para despachar o meu “Early Professional Development”.Ah, mas antes disso tomei banho!
Adormeço “instantaneamente”, como é aliás hábito, mas muito por causa de me ter levantado às 6 da manhã no dia anterior, para falar na rádio local da BBC (sobre eleições!)
Hoje de manhã acordo um pouco dorido da ginástica, mas nada de morrer. Visto uma camisola por cima da camisa para esconder o facto de não ter arranjado tempo para a passar a ferro.
Nas aulas tenho que me chatear com “gunas” portugas e ligar a pais a fazer queixinhas. Na minha aula com irlandeses metade da turma não trouxe com o que escrever e 3 ou 4 chegaram 10 ou 15 minutos atrasados (numa aula de 30 minutos!)
Chegou o dicionário de Polaco que encomendei para a escola, e em vez das mais de mil páginas anunciadas, tem quatrocentas e tal.
Fico mal na cantina, ao não ter dinheiro suficiente comigo para pagar a mísera sanduíche que comi.
Falo ao telefone com advogada do meu sindicato que percebe literalmente menos de leis do que eu.
Na aula de Inglês a pais estrangeiros, INICIAÇÃO, dou tantas calinadas, que até eles próprios me corrigem (por esta altura estou tão cansado que não sei a quantas ando, e digo que os pratos se lavam na “washing machine”).
Meto-me no carro para ir à pressa para o meu curso de Primeiros Socorros (é mais um dia das 9 da manhã às 9 da noite)!
Com a fome e a falta de tempo que tinha, e ainda que me parecesse má ideia, resolvi tentar comer um iogurte enquanto conduzia; nem isso nem o facto de ter que passar rotundas seriam um problema se eu não tivesse a tentar limpar a colher primeiro com um lenço de papel, e com o iogurte aberto. “Cutting a long story short”, entornei iogurte no assento e no tapete do carro, para além de ter chegado atrasado ao curso.
Como se isso não bastasse, tive que apalpar um gajo todo, para ver se ele tinha alguma fractura e não sei o quê, apesar de eu saber bem que ele não tinha, e que estávamos ali só a treinar. Pior do que isso só mesmo ter que me sujeitar ao mesmo, e ser apalpado pelo gajo, isto deitado no chão da sala, com as minhas “calças de fato”!
Pelo meio lembrei-me do episódio traumático que foi ter que ajudar a ventilar um senhor obeso num avião a caminho de Roterdão para ver o Portugal-Alemanha no Euro de 2000. O senhor acabou por falecer.
Chego a casa já depois das 9 da noite e apercebo-me que não tenho as chaves de casa. Regresso ao sítio dos Primeiros Socorros para ver se lá estão; podiam ter caído do bolso enquanto estava a ser abusado pelo tal gajo, mas não. Lembrei-me que devem estar na escola, mas não havia maneira de as recuperar. Toca de ligar à senhoria e fazer uns km para ir buscar a chave dela. Em casa vejo o correio e deparo-me com uma conta de telemóvel de110 €.
Descubro que um dos partidos se aventurou a traduzir o panfleto partidário noutras línguas, e o Português foi traduzido no google, ou por alguém a quem foi dito aquando de férias em Portugal, que falava muito bem. A Professora que está para me ligar sobre o Mestrado e tal nunca mais o faz e os prazos de inscrição estão a aproximar-se. Tento arrumar a sala escondendo montanhas de papelada para um quarto, já que a senhoria vem amanhã buscar a chave. A vida é bela, mas hoje não; vou para a cama! São 23.30! O meu jantar foi agora; um prato de cereais com leite - mas também pelos vistos tenho que emagrecer 10 kg!
Enquanto escrevia este post o computador bloqueou de novo…